segunda-feira, 8 de março de 2010

Feliz (des) aniversário!!!


Infelizmente começou a contagem do nosso primeiro aniversário de separação, corpos separados, vidas separadas, histórias encrustadas de fatos em comum. E as almas, já podemos dizer separadas? A minha ainda se encontra com a sua, mesmo que seja em pensamentos e sonhos, se você me vê eu não sei, mas ainda te enxergo distante, tão distante e ao mesmo tempo tão presente, sinto falta do seu cheiro, da sua pele, da sua voz, do seu sorriso, sinto falta de você, sinto falta de nós, mas agora não sinto mais falta de mim como antes. Apesar de só, me encontro bem acompanhada de mim, mesmo perdida em pensamentos, me acho no mundo, tenho identidade, vontades e atitudes que me foram surrupiadas por mim mesma por um tempo.

Somos agora fotos numa pasta de backup do computador, somos história, passado presente em cada fato, um ano se passou, um ciclo de datas se completou e mesmo assim cada data tem mais histórias nossas do que minhas ou suas, ainda somos alguma coisa, algo que insiste em me atormentar, mesmo que seja a poeira do que fomos. Essas e outras me vêm e voltam a cada dia que tenha algo significante e qual dia não aconteceu algo marcante nesses cerca de 2.920 dias, cada 8 de março ou 25 de abril, ou 14 de junho, datas e mais datas, com certeza algo aconteceu, foram 8 de cada uma delas como passar em branco, mas esses últimos 365 dias não tiveram nada que não fossem, recordações, discussões e essa distância corroendo. Os números não são meu forte, mas eles insistem em me intrigar, insistem em continuar contando, e o tempo, seria ele demasiado lento nessa situação? Ou o contrário, exacerbadamente rápido? Ou fruto dessa imaginação seletiva que conta tudo que acontece, que transforma em números amor, dedicação, companheirismo, dores, angústias e todos os sentimentos doentios e felizes do ser humano?

Na verdade não sei pra que servem os números, mas eles marcam e contam, e hoje eles estão marcando o nosso primeiro ano separados. E é pra isso que estou escrevendo, minhas datas ainda têm você e como dizia Leoni “faz tempo que me perdi de você...”, mas esse tempo é muito maior que 365 dias, foi quando me perdi de mim. Estou aqui pra reclamar, mas também pra agradecer. Reclamar a dor que ainda sinto, da esperança que ainda me perturba, da distância que me assombra, cada dia somos menos um pro outro, cada dia nos tornamos mais indiferentes, dois estranhos tão próximos, dois desconhecidos que se conhecem bem. Não somos ninguém e ao mesmo tempo somos tanto, como explicar essa confusão das colocações de cada um na vida do outro. Você deve estar se perguntando por que eu disse agradecer. Quero agradecer, pelas datas do ano que me lembram coisas boas, mas também pelas ruins. Quero agradecer a oportunidade de me reencontrar e de me redescobrir, de fazer amigos, de curtir coisas que eu nem sabia mais que gostava, como um bom livro. Aprendi novas palavras e tornei outras mais belas. Aprendi, aprendi, aprendi, foram tantas coisas que escreveria páginas e mais páginas pra te contar, mas não foi pra isso que comecei a escrever, essa é só mais uma das tantas que fiz e nunca mandei, “conto por contar e deixo em algum canto”. Acho que chego ao fim de mais uma, sei que nem tudo será compreendido, mas me alivia poder dizer, apesar de não poder gritar.

“Eu vi alguns amigos
Tropeçando pela vida
Andei por tantas ruas
São estórias esquecidas
Que um dia eu quis contar pra você

Eu fico imaginando
Sua casa e seus amigos
Com quem você se deita
Quem te dá abrigo
Eu me lembro que eu já contei com você...
...E eu me visto de saudades
Do que já não somos nós...”

(Leoni)