domingo, 26 de julho de 2009

Dor

Meu corpo dói

Cada célula,

Cada minúscula parte

Sente sua própria dor

Na mesma solidão que a minha alma sente

Egoístas

Elas se dilaceram

Silenciosamente se contorcem

Em espasmos solitários

Mas meu corpo é um só

E esses espasmos se juntam

E se transformam em outra dor

Uma dor só

Imensa

Inexplicável

Externa-se em lágrimas

Demonstra-se em versos

Noite e dia

São seis horas e o dia amanhece lá fora

Vou me recolher, não quero ver o sol

Não quero o brilho que ele traz

Essa luz me ofusca

Prefiro a escuridão da noite

O sonho

A solidão

O silêncio

Apesar de só

Você acompanha cada pensamento

Em cada mero lampejo de razão

Apesar do silêncio canções me alimentam

Minha banda favorita está tocando agora

Com seus versos e notas musicais doces

Minha alma se acalenta um pouco

Apesar de me esconder nesse escuro

Imagens me atormentam

Seu sorriso, seus olhos...

O frio me castiga

Falta seu corpo pra me aquecer

O dia traz a luz que eu não quero ver

Ele me acorda pra realidade

A noite, apesar de manter-me acordada

Proporciona-me o sonho

O dia traz a realidade

A verdade

A dor

A luz

domingo, 19 de julho de 2009

Fim do 1º ato

O pano caiu, a cortina fechou,

Tanto faz, o certo é que a peça acabou

Mas e daí

Eu escrevo uma nova,

Com menos desencontros

Com mais encontros

Mas dessa vez em novos palcos

Com novos atores

Uma peça mais alegre, com atos de muita leveza

Com pitorescos personagens

E deliciosas histórias

Cansei de atuar nesse melodrama de folhetim barato

Na peça da minha vida quem manda agora sou eu

Serei a protagonista, diretora e autora

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Emaranhado de mentiras

Hoje o chão me voltou aos pés

A realidade me assustou

Descobri que amei uma mentira

Vivi uma mentira que eu mesma criei

Que eu mesma trouxe pro meu mundo

Que foi tecida com a sua ajuda

Mas que agora eu consigo enxergar a trama

Cada fio

Eu achei a ponta da meada e fui desmanchando

E descobri cada uma, cada mentira

Cada ilusão que foi tecida nesse emaranhado de mentiras

E a pior delas foi a que disse a mim mesma

Eu amei uma mentira

Eu amei te amar

Eu amei o amor

E só eu amei...

terça-feira, 14 de julho de 2009

O primeiro e o último

Meu primeiro e último pensamento: você
Nem mesmo acordei e me vem à cabeça
Meus olhos mal abriram e já vejo a sua imagem
Cada detalhe do dia me lembra você
Frio, calor, tristeza, alegria.
Cada sentimento me traz você
Ao deitar faço minhas preces e nelas estão você.
Tento dormir pra que me deixe em paz
Mas não adianta, nos sonhos vêem nossos melhores momentos
Frio, calor, tristeza e alegria.
Qual desses, eu ainda vou sentir sem você...
E qual ainda vou sentir, com você...
Queria poder responder a isso com certeza,
Mas certezas não fazem parte dos meus pensamentos
Só você os habita
Meu primeiro e último pensamento consciente


"Pois é, esse samba é pra você, ó, meu amor
Esse samba é pra você
Que me fez sorrir, que me fez chorar
Que me fez sonhar, que me fez feliz
Que me fez amar"
Tião Carvalho( na voz de Cássia Eller)

domingo, 12 de julho de 2009

Alta tensão

"eu gosto dos venenos mais lentos
dos cafés mais amargos
das bebidas mais fortes
e tenho
apetites vorazes
uns rapazes
que vejo
passar
eu sonho
os delírios mais soltos
e os gestos mais loucos
que há
e sinto
uns desejos vulgares
navegar por uns mares
de lá
você pode me empurrar pro precipício
não me importo com isso
eu adoro voar."




Hoje o texto é de Bruna Lombardi, poema publica no livro "O perigo do dragão" de 1984, publicado pela Editora Record.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Mazelas do cotidiano

Acho que a gente vai ficando velha e entra numa rotina sem volta e passa a ser mais exigente, não é qualquer coisinha que passa a ser novidade, tem que ser um grande acontecimento, senão passa desapercebido. Talvez para alguns possa parecer um pouco revoltante dizer isso, mas sinceramente é uma realidade, faz parte do amadurecimento de cada um e claro dos músculos que vão ficando cansados.

Pro adolescente é assim:

_Oi amiga! Novidades????

_Tenho sim.

_Ontem eu vi o Fulano, você não acredita!

ou então:

_Sábado fui numa balada, beijei o Siclano.

Agora a gente é assim (eu falo a gente, porque eu me incluo nessa categoria, aqueles que estão um pouco acima dos 20):

_Novidades????

_Estou solteira.

Ou:

_Marquei meu casamento.

ou então:

_Mudei de emprego.

Depois que casa fica ainda pior, é mais ou menos assim:

_Novidades????

_Estou grávida!!!

Ou:

_Separei!!!

Depois que vem as crianças, aí acabou a vida própria:

_Novidades????

_Meu menino quebrou o braço;

_Mudei meu filho de colégio;

_O menino está doente;

_Mudei a decoração da sala;

_Meu marido me deixou por uma mais nova 20 anos;

Bem, pode parecer cruel, mas vejam a sua volta, com que freqüência isso acontece, não estou aqui pra criticar ninguém, só me divertindo com algumas mazelas do meu próprio cotidiano.

Bom fim-de-semana!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Silêncio

Barulho, porque tanto barulho, pra que tanto movimento, preciso do silêncio, ele que me traz a paz, ele que me faz...bem ou mal?

O bem que me atrai será o meu bem, será o meu fim

Prefiro ainda o silêncio, que me traz a paz

E as criaturas, criativas ou insanas, de onde vêm? Pra onde vão?

Porque algumas sempre estão ou sempre são, não poderiam apenas existir

Porque ser ou ter alguma coisa, em que isso nos agrega?

Prefiro ainda o silêncio, que me traz a paz

Inquieta em meus pensamentos, dúvidas, certezas, medos, vitórias

Vitórias em que? Por uma acaso a vida é uma competição?

Dúvidas, essas movem o mundo a criatividade, talvez a insanidade

Mas na paz do meu silêncio, resolvo minha dúvidas

Aquieto meus medos e desenvolvo minha criatividade

Pra viver nesse insano mundo que faz da vida um jogo

Onde eu não quero jogar, quero apenas assistir e existir.

Prefiro ainda o silêncio que me traz a paz.